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A Grande Questão (Wolf Erlbruch)


PNBE 2008

Muitas vezes, gente grande pergunta para testar, não para saber de verdade. Quer que a pergunta acabe, que se transforme em resposta inquestionável. Já a criança faz perguntas que levam a outras e a outras e a outras... Por isso, toda vez que você faz uma pergunta verdadeira, daquelas que abrem mais mil perguntas, está resgatando essa criança. Filosofar (e fazer arte e fazer ciência) é maravilhar-se com o mundo, com quem somos, com estar no mundo, com a linguagem. Se você não se esqueceu completamente de sua infância, vai se lembrar que muitas grandes questões estavam ali, latentes ou nem tão latentes assim. “Quem sou eu? ”; “Por que sou Pedro e não outra pessoa? ”; “Se eu tivesse outra mãe, ainda seria eu? ”; “Por que minha vida é assim e não de outro jeito? ”; “O que acontece depois da morte? ”; “Como os números podem ser infinitos? ”; “O que são os sonhos? ”; “Por que, quando repito uma palavra muitas vezes, ela perde o sentido? ”; “Por que alguns sofrem mais que outros? ” ...

Wolf Erlbruch não esqueceu. E nos brindou com mais uma obra de arte.

Qual é a grande questão? Ela não é formulada explicitamente em momento algum deste livro, a não ser talvez na ilustração da capa (ver a #1 nas sugestões para a leitura dialógica listadas abaixo). Ao abrir a primeira página, logo nos deparamos com uma resposta, a do irmão. “É para festejar se aniversário que você está aqui na terra”. Do irmão de quem? Também não se diz, posto que não se diz quem pergunta. Quem pergunta é a criança, é o leitor, é a criança que tem dentro do leitor. A avó responde que está no mundo para mimar você, é claro! O comilão, para comer bem. O gato descreve bem sua vida, entre o absoluto contentamento preguiçoso e a pura adrenalina: “viemos ao mundo para ronronar e um pouco também por causa dos ratos”. Para o piloto, existimos para beijar as nuvens. Para o jardineiro, nossa razão de ser é aprender a ser paciente. E todos somos um pouco tudo, não é? Até mesmo, às vezes, nos vemos de repente como o soldado, que responde que vivemos para obedecer. Como o pato, tão sincero, não temos a menor ideia de por que estamos no mundo. Mas talvez o importante não seja saber, e sim continuar perguntando, até porque não há uma única resposta. Que a Grande Questão nos desperte sempre: e que, ao fazer a pergunta sobre por que existimos, possamos ouvir de alguém: “porque eu te amo. ”

Pontos de conversa:

1) Nascimento e existência

2) O(s) sentido(s) da vida

3) Crises e questionamentos existenciais

4) Identidade

5) Amor e laços afetivos

6) Diferentes pontos de vista

Sugestões para a leitura dialógica:

1) Explore a capa. A ilustração parece estar enquadrada num retângulo. Abra o livro e vire ele 90 graus, olhando agora para capa e contracapa. O que está representado agora? (Vê-se então que se trata de um menino sobre um mundo/planeta, de braços abertos).

Deixe as crianças discorrerem livremente. Pergunte a elas qual será a grande questão.

2) Leia sem propor interrupções uma primeira vez. Siga a musicalidade e o ritmo do texto e das ilustrações, que são quase todas em páginas duplas. Deixe o olhar das crianças passear por cada página.

3) Após uma primeira leitura, volte e explore com mais detalhes cada fala, cada ilustração. Seja sensível às questões trazidas pelas crianças.

4) Incentive as crianças a falarem sobre as ilustrações, que são maravilhosas. Parecem ter sido desenhadas em papel colorido e depois recortadas e coladas sobre papel branco. Papéis diferentes são usados, alguns lisos, outros estampados. Por exemplo, o passarinho é parte papel azul, parte papel de partitura. Algumas estampas se repetem em várias páginas, mas com funções totalmente diferentes. Você pode perguntar como elas acham que o autor criou as imagens e que materiais usou.

5) Pergunte às crianças quem elas acham que está fazendo a pergunta e o que está sendo perguntado.

6) Explore os diferentes pontos de vista, que refletem diferentes existências. O cãozinho, por exemplo, acha que estamos na terra para latir, e às vezes, para uivar para a Lua (assim mesmo, com letra maiúscula). Já a Morte, sugestivamente, nos aponta que existimos para amar a vida, enquanto contempla uma abelha que voa. Uma forma de começar o diálogo sobre essa questão é pedir que eles pensem sobre como outros personagens responderiam à grande questão. Por exemplo, o que uma libélula responderia? Uma nuvem? Qual será o sentido da vida para uma baleia? Para uma rosa?

Dicas:

a) Após a leitura, vale a pena brincar com papéis de diferentes estampas e cores, desenhando, recortando e fazendo colagens, como nas ilustrações.

b) As ideias surgidas a partir da Sugestão 6 podem ser ilustradas, criando-se assim um novo livro ou painel, das crianças, sobre A Grande Questão.

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